sexta-feira, 9 de outubro de 2009

RECEITA Nº 3 - CARANGUEJO

Na ultima receita falando do siri, não há como não fazer uma ponte direta ao seu primo de mais fundamento: O famoso caranguejo.

Com ele temos que ter alguns cuidados maiores do que com seu primo siri, principalmente para quem é do santo. Veja bem se ele não uma quizila, uma proibição alimentar, segundo seu orixá. Caso não seja vamos em frente.

O inicio é claro é no planejamento. A principal etapa é adquirir a criança. Aqui em São Gonça é mole. Mercados e peixe. O daqui ou o vizinho ali em Niteroi. Caso não encontre - é bom ir comprar bem cedo - vale a pena ir nos bairros que ficam a beira da Baia de Guanabara, na beira do mangue. Alí o bichinho é criado em casa, e é possivel compra-los a preço risíveis. Dia de domingo tem na feira, mas eu prefiro fazer o "anguejo" numa sexta feira ou no sábado.
 
Vamos comprar uma quantidade considerada média de uns  40 animais. 3 duzias mais o choro. Outro cuidado com os carangueijos é que eles devem morrer na panela, ou seja se estiverem mortos nada de come-los. A limpeza é outro item de suma importância.

La em casa a lavagem deles tem duas etapas. A primeira é o banho mesmo. É necessária uma daquelas vassourinhas de pia, que da pra lavar bem e a uma distancia segura das unhas do nego. A segunda é a lavagem do "imbigo" dele. Antes de cairem da panela se retira aquela casca que começa logo embaixo da boca dos bichos. Para retiarar é preciso uma certa destreza pois eles devem ser seguros pelas  unhas unidas para serem seguros com uma das mãos e com a outra se retirar o "imbigo". Não aconselhjoa ingestão de grande quantidade de bebida alccolica até esse ponto pois uma beliscada desses mosntros doem um bocado.

Enquanto um ou dois lavam os bichos, outros preparam os temperos. Nada de mais. Limão, sal, tomate, cebola, pimentão, alho, louro, cheiro verde, pimenta, coentro, tudo bem fresquinho.

Uma panela bem grande. Doure o alho e as cebolas. depois coloque os outros temperos para muchar. acrecente bastante agua e deixe a criança ferver. Qunado estiver borbulhante, va colocando os angueijos um a um. Verifique o sal e deixe conzinhar bem. Os moleques tem de ficar bem cozidos para a carne vir solatndo da casca.

Não aconselho a feitura do pirão. O acompanhamento ideal para essa iguaria é o caldinho de feijão com farinha. Pelo menos aqui em São Gonçalo é assim que se faz. Não é pra fazer feijoada, mas pelo menos um pézinho de porco tem que constar da panela do feijão.



Nesse evento a cachaça é obrigatória. Ela funciona quase como um antidoto . " É pra cortar o venevo ! " Sempre recomendava meu pai antes de ofecer a branquinha a algum convidado de uma caranguejada que ele armava. 

Bastante cerveja. Não marque mais nada no dia que fizer uma caranguejada é pra comer e beber muito. Sempre ouvindo samba e na companhia de pessoas queridas.


quinta-feira, 8 de outubro de 2009

RECEITA N.º 2 - SIRI COM QUIABO E ANGU

Retornando com a série sobre comida, aproveito para mencionar a que ela é fortemente inspirada na " seção culinária " do blog Buteco do Edu, a diferença é que me lanço sobre os arredores da questão e não sobre a a receita em si.

Essa receita de hoje é realmente para profissionais.

1º Passo: a aquisição do crustaceo.

Essa é sem duvida a parte mais divertida da empreitada. Inicialmente é preciso ter em mãos uns 5 ou 6 puçás. Preparar a isca com fígado, tripa de galinha, pelanca, tripa de peixe , enfim algo que atraia as crianças para sua redinha. Um isopor para acomodar os troféus de pesca, um outro com cervejas e pronto. Dar pra pescar esses danados na beira da praia, principalmente em praia que houver movimento de pescadores limpando os pescados, pois o fato retirado dos preixes é um imã para os nossos amigos cascudos.

Asseguro que essa atividade é ótima para colocar o papo em dia, matar saudades, relembrar causos, renovar as amizades, rir a toa. É mesmo engraçado quem não tem muita pratica retirar os bichos da armadilha e colocá-los dentro do isopor com a agua na altura da barriga. Na ultima vez que fiz um programa desse estav junto com meu pai e passamos uma tarde daquelas que guardar no peito. Bebendo cerveja na beira do mar, papeando ao cair da tarde, rindo e também pescando siri.

Depois da aventura é só passar no sacolão e comprar um quiabo bem verdinho, claro que dando aquela tradicional quebradinha no rabo da criança pra ver se esta no esquema e os demais temperos de praxe um quilo de fubá e é claro mais cervas.

Ao chegar em casa a primeira coisa é dar uma lavada nos siris e coloca-los na geladeira ( eu prefiro o frezer) para permancerem frescos, pois fora de gelo eles estragam facilmente.

Depois desse cuidado a feitura da criança é igual a qualquer outro ensopado. Em relação ao siri, além de não deixa-lo fora do gelo, eu gosto de passar um limão neles antes de ir pra panela e se estiverem num bom tamanho deve-se cortá-los ao meio para  " pegar o tempero".

Também gosto de cortar os quiabos  no meio para ficar uns pedaços de mais ou menos uns 5 cm. Bastante azeite e pronto. Um angu também bem temperado, e nada mais.



Ah ! Essa comida fica melhor em casa que tenha quintal. Se tiver uma arvore então é perfeito. Uns baldes no chão para dispensar as cascas trituradas, panos de prato para todos os presentes, pimenta de respeito, uma cachaça de Salinas pra cortar o veneno e cerveja bem gelada. Um cd com musicas do Luiz Carlos da Vila ou do Nei Lopes. Firmou.

Como eu disse é uma comida para profissionais pois o evento quase sempre já começa regado a cerveja ainda no planejamento da empreitada em algum buteco onde se de expediente. Mas com certeza é um evento dos mais gratificantes para amigos de verdade.

Uma ultima dica : Só vale a pena para ser feito entre pessoas que se amam. Pais e filhos, amigos do peito, irmãos de todos os tipos, se não for assim não tem graça. O que vale mais é estar com quem se ama. 


quarta-feira, 15 de julho de 2009

RECEITA Nº 1 - MOCOTÓ

Para se fazer um bom mocotó, assim como qualquer iguaria, é necessária primeiramente de respeito. Respeito ao sacerdócio da cozinha. Respeito as origens, no meu caso invariavelmente, à sabedoria das senzalas e respeito as nuances dos ingredientes.
Primeiro é preciso definir como a criança será degustada. Na sopa, no caldo, com feijão ou o guisado. No caldo os ingredientes serão cortados um pouco menores inclusive o mocotó que deve estar bem molinho e como disse, cortado pequenininho, não vejo com bons olhos a inclusão do feijão nessa modalidade, pois a textura nesse caso não condiz com a essência dos caldos. Cheiro verde bem fresco é essencial. Não procuramos uma consistência mais pesada. A finalidade aqui é combinar o sabor do mocotó, a leveza da modalidade caldo e o frescor dos temperos verdes.
Ele guisado, na minha humilde opinião é para profissionais. Batatas e cenouras grandes. Linguiças, paios e costelinhas salgadas em toletes e o Mocotó em sua majestade. Cortado em pedaços generosos e vistosos. Pede-se ser degustado com arroz branco e feijão preto. Para os menos experientes, somente arroz branco.
O mocotó com feijão se confunde com ele em forma de sopa. É de consistência mais grossa e tem os ingredientes cortados em tamanho mediano. A diferença é companhia do arroz branco na hora da mastigação. Essa é a minha modalidade favorita.
É claro que existem outras formas de amar, mas eu fico com essas 4 mais tradicionais e como tenho preferência pelo tipo com feijão - e feijão branco - vou me ater a ela.
Definido o caminho outra dica : mocotó é pra ser comido por bastante gente. Porção para no mínimo 8 cabeças. A seguir vamos ao ingredientes:
5 patas de boi, de preferência "mãos", como bem define o meu amigo açougueiro Seu Joaquim as patas dianteiras. 1 kilo e meio de feijão branco Combrasil. umas 5 cebolas, 4 ou 5 tomates, uns 3 pimentões. 3 cabeças de alho. Um galho de louro. Uma lata de azeite. Duas latas ou caixinhas de extrato de tomate. 1 kilo de paio. 2 kilos  de linguiça. 2 kilos e meio de costelinha salgada. Meio kilo de toucinho. 3 moles de cheiro verde. 3 kilos de batata grandes. Uma garrafa de Velho Barreiro. 100 gramas de pimenta malagueta.
Modus operandi :
De uma guaribada na criança para tirar algumas impurezas, nada muito exagerado e coloque pra ferver com sal, alguns dentes de alho, louro e meia cebola cortada em pedaços. numa outra panela refogue a linguiça, o paio e a costelinha. Numa outra cozinhe o feijão branco também com louro, um pouco de sal e com o couro do toucinho. Outra dica é que quando estiver fazendo essa maravilha, ligue o radio com um samba de boa qualidade, abra a porta da cozinha e coloque umas cervejas no congelador para ir bebericando enquanto a coisa se desenrola. Não dá pra fazer com pressa e estando de baixo astral. Para cozinhar se faz necessário bons fluídos. Numa panela bem grande coloque o toucinho cortado em cubinho para soltar a gordura e depois o alho as cebolas, os tomates e pimentões também cortados e também folhas de um cheiro verde. Azeite para azeitar a mistura é importantíssimo, não seja comedido. Se azeite não fosse uma coisa boa custaria 1,99. Deixem as crianças murcharem um pouco e coloque os salgados cortados e a belezura do mocotó para refogar um pouco. Depois uns 10 minutos refogando, coloque o feijão que depois de cozido será temperado com alho e cebolas douradas. Aí você já perceber o fator textura da criança. Depois é só colocar as batatas, a cenoura e colocando a massa de tomate e agua até o ponto da maré ao menos cobrir o tesouro. Aí pode abri mais uma cerva, jogar uma conversa fora e ir vigiando de perto, sempre mexendo para não dar nenhuma zebra e ir provando bastante para acertar o sal. Outra pausa. O sal é fundamental. É o tempero dos temperos . Ninguém se atrai por uma mulher sem sal, nem acha graça numa piada sem sal. Jesus mesmo disse: Eu sou o sal da terra. Não vamos desfeiteá-Lo. Quando perceber, que o clima ta no ponto, corte o resto do cheiro verde e regue com o azeite. Pode tampar a panela e chamar a imprensa para apresentar seu obra de arte.
Ah ! A pimenta é pra fazer um molho esperto. É só escolher 7 pimentinhas, numero cabalístico, socar com azeite, adicionar umas cebolas picadas, uma dose do Velho Barreiro, uma pitada de sal para batizar e uma ou duas conchas do caldo do mocotó. O resto da Cachaça é pra abeiçar junto com o Mocotó.

Vai por mim. Não tem erro.

Ponta pé inicial

Não sei se a paternidade que se aproxima de mim a passos largos, me fizeram ter uma nova pespectiva do mundo, ou se a idade que avança e as experiência que começam a se acumular é que me me fizeram vaidoso a ponto de supor que posso chegar a algumas conclusões sobre as coisas que me cercam. Não sei se é apenas vontade de escrever. uma vontade de para por alguns minutinhos o dia a dia estressante e angustiante ou apenas falta do que fazer. Só sei que nesse espaço vou registrar meus pensamentos. Sobre tudo. Vamos ver que bicho dá.